É muito provável que, em algum momento da vida, você já tenha se deparado com aquela sensação de que as emoções te atrapalham a alcançar objetivos e a realizar alguma mudança esperada ou algo que você queira muito. Nessas situações, parece que as emoções te puxam em uma direção contrária a que você deseja. Então, é possível também que, nesses contextos, você tenha tido o pensamento de que precisa mudar as suas emoções antes de prosseguir se esforçando para conquistar o que almeja. Por exemplo, você desejava fazer uma boa apresentação no colégio, na faculdade, ou precisava dizer algo importante para alguém e, em cada uma dessas situações, você sentiu ansiedade e o receio de que daria algo errado. As emoções diziam frases como, por exemplo: “não vá”, “desista”, “não saia da sua zona de conforto”, “não se arrisque”. Ao mesmo tempo, é provável que você também tenha tido pensamentos de que as coisas não fluiriam da maneira desejada e de que poderia ser julgado ou se arrepender por isso. E, assim, surgiu a reflexão de que somente depois que você mudasse o que estava sentindo poderia realizar as ações desejadas.

 

Levando em conta cada um dos exemplos acima mencionados, é notório que as emoções podem ser interpretadas em muitos contextos como “obstáculos” que atrapalham no nosso caminho. E será que elas realmente atrapalham? De fato, fazer uma apresentação ou dizer algo importante para alguém enquanto sente ansiedade e medo de que as coisas saíam errado não é a coisa mais fácil do mundo, só que a função das emoções não é dificultar os nossos passos e sim nos informar, cada vez que as sentimos, que algo importante está acontecendo. No mundo, recebemos informações de múltiplas fontes e podemos, na maioria das vezes, escolher o que fazer com cada uma delas. Nós podemos, por exemplo, decidir se vamos obedecer às sugestões vinculadas às emoções, levá-las em consideração, trazê-las para uma reflexão, usá-las ao nosso favor, incorporá-las a nossa bagagem de conhecimento e etc. Cada escolha tem consequências. Assim também ocorre com as nossas emoções, que transmitem muitas informações sobre nós e sobre o que temos vivido.  As decisões que tomamos diante das informações da vida, de forma geral, podem nos aproximar ou nos afastar daquilo que queremos para nós. Assim também ocorre em relação às nossas emoções. Aquilo que fazemos enquanto sentimos as emoções que tem o poder de fazer com que os nossos passos sejam ou não na direção daquilo que desejamos e de nos tornarmos um ser humano melhor.

 

Para exemplificar, pensemos no caso de uma pessoa que tem, como valores, ser transparente, corajosa e aberta. Para essa pessoa, uma forma de se tornar alguém com essas qualidades seria estabelecer uma certa conversa com alguém. No entanto, quando essa pessoa se move na direção de ter essa conversa, sente ansiedade e medo. Ao sentir ansiedade e medo nessa situação e ao desistir da conversa, é provável que ela esteja se afastando de quem deseja ser, ao passo em que ao acolher a ansiedade e o medo e continuar se dirigindo rumo à conversa, é possível que ela esteja se aproximando de quem deseja ser.

 

Portanto, as emoções fazem parte da vida e nem sempre é fácil conviver com elas, mas é possível reservar um espaço para cada emoção de modo que elas façam parte do processo de construção de uma vida significativa.

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